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Patrimônio, Patrimonialismo e Patriarcado | Riobrasil Noticias

Patrimônio, Patrimonialismo e Patriarcado

Patrimônio, Patrimonialismo e Patriarcado

24/07/2023 14:35:00 | Vale do Café | Fonte: Jornal em Destaque

Por: Sonia Mattos



Embora
pareçam diferentes, estes três conceitos podem apresentar leituras muito
semelhantes, que convergem, de fato, para a sua origem etimológica.



Quando
falamos em Patrimônio, entendemos tanto os bens acumulados por pessoas ou
instituições, cuja preservação merece cuidado e respeito, quanto aos legados
materiais ou imateriais de uma sociedade ou cultura.




o Patrimonialismo enseja a interpretação em que o Estado ou a autoridade
política fundamenta-se num poder pessoal que se exerce sobre a propriedade,
seja de um governante, seja de uma entidade. Mais predominante nas sociedades
monárquicas e pré-republicanas, o Patrimonialismo representa atualmente uma
concepção inteiramente deslocada dos valores contemporâneos de uma sociedade
plural, igualitária e diversa.



O
Patriarcado, conceito cujas práticas ainda alicerçam as mais detestáveis formas
de dominação social, embora ultrapassado pelas leis do Estado Ocidental, vive e
floresce em nosso meio ideológico, midiático e social sem pejo ou impedimento.



A
palavra "patriarcado" traduz-se literalmente como a autoridade do
homem representada pela figura do pai. O termo foi utilizado por muito tempo
para descrever um tipo de "família dominada por homens".



As
antigas leis de morgadio, nas quais os domínios senhoriais eram inalienáveis,
indivisíveis e insusceptíveis de partilha por morte do seu titular, a sucessão
do patrimônio se dava pela transmissão de todos os bens patrimoniais, nas
mesmas condições, ao descendente varão primogénito. Às filhas, cabia
exclusivamente casar-se e portar-se bem.



Hoje,
o nosso congresso ameaça punir parlamentares que se opõem ao Marco Temporal.
Quem são? Mulheres. Por que as punir? Porque são mulheres que combatem a
pretensão etnocêntrica de que o país nasceu em 1988, e foi parido por homens.
Brancos.



Na
antiga província fluminense, mulheres não tinham patrimônio. Seus bens
tornavam-se dotes, entregues aos maridos, que, com estes, faziam o que bem
entendiam. Mulheres não eram donas de nada, nem mesmo de suas vidas. Ocorre-me
a história de Maria Francisca das Dores Pimentel Esteves, cujo dote, a Fazenda
Santo Antônio do Paiol, em Valença, foi entregue ao seu marido, o Comendador
Manuel Esteves, o que o ajudou sobremaneira em sua ascensão social.



Depois
de viúva, Maria Francisca cometeu um "deslize", dando à luz um filho
bastardo. Foi expropriada de todos os seus bens, assim como apagada das
memórias de sua família. Seus filhos homens encarregaram-se de dividir os bens
de sua herança, alijando dela, inclusive, suas irmãs. Será que isso ficou no
passado?



Para
mencionar apenas dois casos, por sinal emblemáticos, que marcaram o início do
ciclo do Turismo no Vale do Café: Evelyn e Ana Heloísa.



Duas
mulheres herdeiras, junto com seus respectivos irmãos, de dois dos mais
relevantes patrimônios históricos do Vale do Café. Fazendas que inauguraram a
abertura e visitação turística no Vale, ambas em Barra do Piraí. Infelizmente a
morte precoce das duas no início dos anos 2000 impediu que suas realizações
vanguardistas ganhassem o devido reconhecimento público e o merecido lugar de
destaque na cena cultural e turística que vem aquecendo a economia, a
revitalização do patrimônio e a sua interpretação cultural e turística no Vale
do Café.



Criadoras
dos primeiros eventos de entretenimento cultural e turístico de nossa região,
pesquisando e interpretando a história de suas fazendas, trazendo à luz os
Inovadores "Saraus Históricos", foram pioneiras, competentes e, por
isso mesmo, terrivelmente antagonizadas e invejadas por seus medíocres irmãos.
Através de tramoias jurídicas, lograram usurpar tudo o que puderam de suas
irmãs e seus descendentes. E fizeram o que? Conquistaram os bens, mas jamais
conquistariam a história. Perderam os patrimônios. Foram punidos? Não. Safaram-se.



Porque
eram homens. Outras mulheres, igualmente valorosas, sofrem hoje nas mãos de
tios, primos, irmãos e tutores, que lhes esbulham os direitos.

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