O novo secretário da Polícia Militar do Rio de Janeiro, coronel Rogério Figueiredo de Lacerda, empossado na manhã desta quinta-feira (3), endossou o discurso de "abate" de criminosos do governador do Rio, Wilson Witzel (PSC). O ex-juiz federal defende desde a campanha eleitoral a morte de bandidos armados e, no discurso de posse na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), disse que traficantes serão tratados como terroristas.
Questionado sobre a orientação do chefe do Executivo fluminense, o secretário disse que as operações da PM são feitas com planejamento. "A questão de marginais estarem fazendo a opção de portar fuzil, é opção deles. Continuaremos fazendo nosso trabalho que é dar tranquilidade para todo Rio de Janeiro".
O novo secretário anunciou como primeira medida um aumento do policiamento ostensivo. "Iremos neste primeiro momento aumentar significativamente o policiamento ostensivo nas principais vias do Rio e, com isso, vamos combater roubos de veículos, roubos de rua, roubos de carga. Esse é o nome primeiro comprometimento com a sociedade fluminense".
O coronel Figueiredo Lacerda deixou a CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora) para ocupar o novo cargo de secretário da Polícia Militar do Rio. Após 20 anos, a PM volta a ter status de secretaria --o que não acontecia desde o primeiro governo de Leonel Brizola, em 1982. A proposta de Witzel é extinguir a Secretaria de Segurança. Com isso, a Polícia Civil também ganha status sob a responsabilidade do delegado Marcus Vinícius Braga. As secretarias de PM e Civil responderão diretamente ao governador.
Na cerimônia desta quinta, ocorrida no Batalhão de Choque da PM, no bairro do Estácio, região central da capital, o governador do Rio voltou a atacar o crime organizado como fez nos discursos de posse na Alerj e no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio. "Vamos combater o crime organizado de forma muito dura. Quem usa um fuzil e não está envergando uniforme é inimigo. Quem usa um fuzil porque quer dominar um território é um terrorista e assim será tratado. Vamos retomar a tranquilidade de qualquer comunidade", disse Witzel.
O ex-juiz federal afirmou ainda que a investigação de morte de policiais será uma das prioridades do governo. "A Polícia Civil vai se aparelhar para investigar quem quer que ouse desafiar a lei do nosso estado e atingir algum policial".
No evento, o governador destacou a importância do trabalho da PM no estado. "Os senhores somam a última fronteira entre aquilo que é o crime organizado e a defesa da nossa família. Orgulhem-se dos seus uniformes. Os senhores carregam neles a esperança de que vamos guardar as nossas famílias".
"Ao assumir o estado do Rio de Janeiro como governador eleito, eu me incorporei às fileiras da Polícia Militar. Senhores oficiais e praças: os senhores e as senhoras são exemplos para a nossa juventude", afirmou o governador do Rio.
Já o coronel Figueiredo Lacerda que assumiu o comando da PM no lugar do Luís Claudio Leviano afirmou em discurso estar honrado em comandar a Polícia Militar. "A mudança nos concede mais autonomia. Em compensação, o novo status aumenta de forma significativa a nossa responsabilidade".
"Sinto-me honrado de fazer parte de uma equipe que assumiu a responsabilidade de reconstruir a história do nosso estado do Rio de Janeiro. A sociedade fluminense espera muito de nós. Não vamos decepcioná-la", completou.
O novo comandante da PM e o governador Witzel receberam como homenagem a condecoração da Ordem do Mérito da Polícia Militar. À tarde, acontece a posse do delegado Marcus Vinícius Braga como secretário da Polícia Civil. Até dezembro, o policial era diretor das delegacias especializadas.
Por Marcela Lemos
Conteúdo Estadão