Desde muito pequenos ouvimos diversos conselhos sobre a seriedade de se nutrir uma alimentação equilibrada, de manter uma rotina de exercícios físicos e zelar por um sono profundo e restaurador. Tudo isto é muito importante para que, ao longo da vida, consigamos desenvolver cada vez mais nosso bem-estar subjetivo. Contudo, chamo aqui atenção para outro aspecto de nossa história que costuma ser negligenciado por nós, talvez pela falta de diálogos sobre o assunto ou porque isso não nos é ensinado desde a infância: é necessário que cuidemos ativamente de nossa saúde mental.
Possuir este tipo de saúde implica desenvolver a capacidade de lidar com as exigências da vida, perante sentimentos considerados positivos ou negativos. Este equilíbrio faz com que consigamos reagir às adversidades com maior resiliência, equalizando nossas emoções e superando desafios e mudanças que venham a surgir - buscando sempre nosso contentamento. E isto está para muito além da ausência de doenças. Saúde é composta por tudo aquilo que agrega possibilidades de aumento de qualidade de vida. Algo extremamente subjetivo, pois cada um de nós tem ideias distintas sobre satisfação - mas que englobam também características comuns a muitos, como boas condições de moradia, reconhecimento profissional e relacionamentos positivos.
Este campo psíquico pode e deve ser pensado de maneira preventiva. Isto reduz o risco de que alguma desordem venha nos acometer. Assim, quanto maiores forem as possibilidades de falarmos sobre o que nos aflige, sobre nossos afetos contraproducentes e sobre os laços complexos que construímos pelo caminho, maiores também as chances de dissolvermos algum tipo de mal-estar. Além disto, se somos seres biopsicossociais, quando os aspectos físico, mental e relacional se desenvolvem juntos, há maior chance de se precaver de doenças - inclusive as mentais. Neste sentido, adquirir hábitos saudáveis como cultivar relacionamentos estáveis e participar de atividades que nos gerem prazer podem ser um grande aliado para suprir nossas necessidades.
Então, falar sobre saúde psíquica envolve conectar-se intimamente com aquilo que nos faz bem. Significa aceitar que cada um tem um tempo próprio e que, portanto, o excesso de informações ou de autocobranças pode ser prejudicial. Está relacionado com a busca de autonomia e com a sabedoria em descobrir quais são seus limites, encontrando qual a melhor maneira de colocá-los em prática. Consiste em desvendar o que lhe faz realmente feliz. Sim! Isto deveria ser ensinado na escola, desde o princípio. No entanto, caso não tenha aprendido isto naquela época, sempre há tempo de aumentar habilidades que ampliem seu autocuidado. Acolher a si mesmo, entender genuinamente o que você tem a dizer e seguir na direção dos seus desejos mais íntimos podem ser algo continuamente desenvolvido quando nos percebemos em busca da promoção da nossa saúde mental.